A Igreja é uma realidade tão rica que não cabe nos limites de uma definição. Seguem algumas considerações básicas, onde cada uma é assunto de riqueza inesgotável, para estudo e aprofundamento constante: que você perceba o quão profundas são estas considerações básicas…
Se você for ao dicionário encontrará que paróquia é delimitação territorial de uma diocese sobre a qual prevalece a jurisdição espiritual de um pároco; paroquiato; a população subordinada eclesiasticamente a um pároco; território delimitado pelas ruas A, B, C e D.
A eclesiologia é o ramo da teologia cristã que trata da doutrina da Igreja: seu papel na salvação, sua origem, sua disciplina, sua forma de se relacionar com o mundo, seu papel social, as mudanças ocorridas, as crises enfrentadas, suas doutrinas, a relação com outras denominações e sua forma de governo. Nela a paróquia é: para (ao redor de) + quia (casa). Então, paroquianos são as pessoas que vivem ao redor da casa do Senhor.
Liturgia, enquanto pastoral, são os esforços para animar a vida litúrgica, preparação, realização e avaliação das celebrações. Acontece que a liturgia precede a pastoral litúrgica à medida que é o “exercício do sacerdócio de Jesus Cristo.” (SC, 9) Implica participação, celebração. A liturgia contém o mistério cristão que a pastoral litúrgica procura aplicar com eficácia. Ou seja, por mais ‘pobre’ que seja a pastoral litúrgica (pastoral do laço, falta de formação, de empenho e de fidelidade), os ritos tem eficácia objetiva. De outro modo, se há celebração, há pastoral litúrgica. A Sagrada Liturgia consiste na adesão concreta à oração do próprio Jesus.
Soteriologia, do grego ‘soteria’, significa salvação, afastamento do pecado, retorno à plena comunhão com Deus. Soteriologia é a doutrina da salvação.
Deus é Aquele que Salva. Jesus é o Salvador.
Como ser salvo? Acreditar em Jesus bastaria?
A igreja não deve ser um simples lugar de cerimônias. A Santa Missa ou o culto não pode ser só uma assembleia social: reunião com proximidade física, sem maior ou real comunicação entre si. Transformar a paróquia em comunidade ou comunhão de comunidades é um empreendimento tão difícil quanto necessário. “A paróquia não deve ser apenas herdeira da Igreja como grande instituição, mas sim deve participar duma rede de comunidades.”
Afora os não crentes e os ausentes habituais, existem os ocupantes de dois tipos de ‘pastoral’: a dos cristãos militantes com disposição profética e missionária (“voluntariado cristão”); e a dos que vivem um catolicismo popular sem outra preocupação que não a do cumprimento religioso (os “católicos festivos”). Onde alguns não são melhores que outros e todos podem oscilar entre uma e outra ‘pastoral’: cada um de nós tem seu tempo e sua hora, colhe e compartilha os frutos de suas verdadeiras escolhas.
Paróquia é lugar de salvação e esta só se poderá conseguir em comunidade. Ser salvo é ser realizado e isto só se consegue no serviço ao próximo. No serviço abnegado ao próximo: sem segundas intenções, sem farsas, sem vaidades etc.
Repetindo as perguntas:
Como ser salvo? Acreditar em Jesus bastaria?
Acreditar em Jesus é tão fácil que se esbarra a toda hora em quem reza, vai a algumas celebrações, ajuda em pastoral, busca sacramentos e até é conhecido como um bom cristão.
Crer em Jesus é verdadeiramente sentir, pensar e viver conforme Ele fez e faria em nosso lugar: o Evangelho é repleto de atitudes de Jesus prontas a nos refrescar a memória e a tirar eventuais dúvidas quanto ao que se espera do sentir, pensar e agir de um verdadeiro cristão…
Pessoas mudam de paróquia ou pastoral, abandonam a Igreja ou aderem à outra denominação; ou abrem a sua própria, alegando que abandonaram os equivocados e pecadores propositais e acidentais e incorrigíveis. Ocorre que em todos os lugares e grupos esses comportamentos se repetem: os que erram e os que os abandonam. Porém, nem sempre os únicos ou mais errados são os que foram abandonados e Jesus não tinha por hábito abandonar os pecadores, nem tampouco esquecer que entre eles havia gente a se comportar com dignidade e a precisar de ajuda de outros para dignificar cada vez mais a comunidade…
Paróquia é lugar de pecadores que assumem o risco, ainda que não percebido, de pecarem menos enquanto vão se santificando e se salvando. E se santificam e se salvam um pouquinho quando avançam de apenas acreditar para crer em Jesus, conforme suportem e sirvam uns aos outros, tal como Jesus o faria, propõe e espera.
Em assim sendo, a paróquia e a Igreja resultam sem paredes e muros, pois que, seremos ‘paroquianos’ em todos os lugares e atividades, sem férias e recessos…
A paróquia de que você participa seguramente tem uma série interminável de problemas decorrentes das pessoas que dela participam, inclusive, com o devido respeito, você: é a parte humana e pecadora, motivo pelo qual existe a paróquia, e de modo pleno, a Igreja.
A paróquia de que você participa seguramente tem uma série interminável de possibilidades de salvação das pessoas que dela participam, inclusive, você: é a parte divina, perfeitamente misericordiosa, esclarecedora e acolhedora, a querer e esperar por nossa santificação e salvação, apesar de pecadores…
Como já dito, cada um de nós tem seu tempo e sua hora, colhe e compartilha os frutos de suas verdadeiras escolhas…
José Carlos de Oliveira, editor do ISJ – radioplena.com.br – josecarlosdeoliveira.com.br